quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Reza, Salvador, reza...

Jacó olhou pra mim e disse: “Vai ser tu!”.

Logo eu que tenho os bracinhos tão finos, pensei. Se ele cair não vou ter nem como segurar.

Dizem que nessas horas a gente vira super-homem, mas eu não sei não.

De prosa em verso o semi-deus vai ficando cada vez mais semi, até eu poder ver a espinha mal-espremida na testa mal-humorada.

Do samba-dolente ao rock-repente vi meu amigo ficar doente. Somado sem precisão numa estatística que às vezes mente.

Mas se Jacó me fez Bezerra nesse sertão, vou mostrar que sou João. De ponto em ponto. Acabando com todos Virgulinos.

A pele dura, pouco-a-pouco, vai rachando a veia. Escura.

O dedo torto, quebra-quebra e vai perdendo a unha. A unha.

A crueldade, sem gastura, vai ficando fria. E gela.

Me da tua mão, Aquiles, que herói não vais mais ser. Ta aqui tua armadura nova, banhada a ouro e bem lustrada.

Agora te olha no espelho e te acostuma, porque essa vai ser tua cara, daqui pra frente.

E quanto às mulheres que não te querem bem, não te preocupas, o domingo pouco-a-pouco vai matando uma-a-uma.

- Não é a toa que te chamam de Salvador.

- É que eu sei rezar, Jacó. Eu sei rezar...

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