Jacó olhou pra mim e disse: “Vai ser tu!”.
Logo eu que tenho os bracinhos tão finos, pensei. Se ele cair não vou ter nem como segurar.
Dizem que nessas horas a gente vira super-homem, mas eu não sei não.
De prosa em verso o semi-deus vai ficando cada vez mais semi, até eu poder ver a espinha mal-espremida na testa mal-humorada.
Do samba-dolente ao rock-repente vi meu amigo ficar doente. Somado sem precisão numa estatística que às vezes mente.
Mas se Jacó me fez Bezerra nesse sertão, vou mostrar que sou João. De ponto
A pele dura, pouco-a-pouco, vai rachando a veia. Escura.
O dedo torto, quebra-quebra e vai perdendo a unha. A unha.
A crueldade, sem gastura, vai ficando fria. E gela.
Me da tua mão, Aquiles, que herói não vais mais ser. Ta aqui tua armadura nova, banhada a ouro e bem lustrada.
Agora te olha no espelho e te acostuma, porque essa vai ser tua cara, daqui pra frente.
E quanto às mulheres que não te querem bem, não te preocupas, o domingo pouco-a-pouco vai matando uma-a-uma.
- Não é a toa que te chamam de Salvador.
- É que eu sei rezar, Jacó. Eu sei rezar...